Rodrigo Salvatierra observava Helena do outro lado da mesa, como um predador analisando sua presa. O uísque em sua mão continuava intacto, embora já houvesse gelo derretendo no fundo do copo.
— Você quer destruir Antônio Vellardi — disse ele, enfim. — Mas o que me garante que, depois disso, você não vai tentar me derrubar também?
Helena ergueu o queixo, confiante.
— Eu não sou como ele. E você sabe disso.
— Eu sei que você era — respondeu Rodrigo, com um sorriso torto. — Mas me parece que perdeu o gosto pelo jogo... ou está só fingindo. Ainda não decidi.
Ela o encarou em silêncio, deixando o peso da verdade cair no ar entre eles. Havia uma parte dela que havia mudado, sim. Mas outra, aquela parte que aprendeu a sobreviver sozinha, permanecia intacta — fria, calculista, determinada.
— Me diga o que quer em troca — disse Helena. — Eu sei que você não ajuda ninguém por caridade.
Rodrigo finalmente levou o copo à boca, tomou um gole e recostou-se na cadeira.
— Um nome. Um favor. No futuro