O café onde marcaram o encontro era o mesmo de sempre. Aquele onde Helena e Júlia passavam horas rindo entre um cappuccino e uma fatia de bolo. Mas agora, a mesa parecia fria. As xícaras, distantes. E entre as duas, havia mais do que ar: havia desconfiança.
— Você me chamou com urgência. Aconteceu alguma coisa? — perguntou Júlia, ajeitando a bolsa no colo, os olhos cheios de preocupação genuína.
Helena não respondeu de imediato. Ela a observava como se tentasse enxergar através da amiga. Como se cada movimento de Júlia fosse uma peça em um quebra-cabeça que, até agora, ela se recusava a montar.
— Eu preciso saber, Júlia… — disse, com a voz firme. — Alguém usou seu acesso para invadir meus arquivos.
Júlia arregalou os olhos.
— O quê? Como assim?
— Não é um palpite. Tenho provas. A invasão partiu do seu login. E coincidiu com os dias em que estive ausente, inclusive nas reuniões com o grupo do Vellardi.
— Você acha que fui eu? — a voz de Júlia tremeu. — Helena… pelo amor de Deus… eu sou