Camila desceu para o café da manhã com passos leves, quase flutuantes. Havia uma tranquilidade estranha em seu semblante, como se a dor da noite anterior tivesse deixado para trás uma couraça nova — mais dura, mais consciente. A carta da mãe ainda estava dobrada dentro da bolsa, ao lado do pen drive que continha o dossiê de Rodrigo. Eram armas diferentes, mas igualmente letais.
Alexandre já a esperava numa mesa reservada no canto do salão. Usava um blazer escuro, camisa branca e um olhar inquieto.
— Dormiu bem? — ele perguntou, puxando a cadeira para ela.
Camila sentou-se sem tirar os olhos dele.
— Dormi. E sonhei com a minha mãe.
— Ela parecia em paz?
— Não. Ela parecia esperando… como se ainda não tivesse terminado o que começou.
Alexandre permaneceu em silêncio por um instante, e depois soltou:
— Rodrigo tentou me ligar três vezes ontem à noite.
— E você atendeu?
— Não. Mas ele deixou uma mensagem. Disse que queria “conversar sobre Camila”. Você sabe o que isso significa, não é?
Ca