A chuva caía fina sobre Paris, tingindo de nostalgia as ruas de pedras antigas e vitrines iluminadas. Dentro do La Belle Lumière, um dos restaurantes mais elegantes da cidade, a atmosfera contrastava com o frio lá fora. O ambiente era aquecido pelo aroma de pratos sofisticados, pelo tilintar de taças de cristal e pelo murmúrio educado dos clientes endinheirados. Para Camila Duarte, no entanto, aquela noite era como qualquer outra — mais uma em que ela corria entre mesas com um sorriso ensaiado no rosto e os pés doendo nos sapatos baratos.— Mesa sete, Camila. Cliente novo, cara fechada, pediu o cardápio sem nem olhar na sua cara. Boa sorte com esse aí. — murmurou Júlia, sua colega de trabalho, piscando com ironia.Camila pegou o cardápio de couro e respirou fundo. Ela estava acostumada com aquele tipo de cliente: homens de negócios, arrogantes e silenciosos, que a tratavam como invisível. Mas ela precisava do emprego. A mãe estava em casa, doente, e as contas se empilhavam sem piedade
Leer más