A noite parecia mais densa. O ar do lado de fora estava pesado, e cada passo de Camila até o carro soava como um eco de um presságio sombrio. Havia algo no olhar de Alexandre, algo além da preocupação — um peso antigo, talvez culpa, talvez medo. E ela sabia que esse jogo havia ultrapassado todas as fronteiras possíveis.
No banco do passageiro, com a pasta de documentos em mãos, Camila mantinha os olhos fixos na estrada enquanto Alexandre dirigia em silêncio. Havia muito a ser dito, mas a presença de tantas verdades recentes sufocava qualquer tentativa de diálogo.
— Você sabia o tempo todo que Rodrigo poderia estar envolvido na morte da minha mãe — ela disse, enfim, a voz firme, mas contida.
Alexandre respirou fundo.
— Suspeitava. Mas não tinha provas. Até encontrar François nos arquivos de Laura, eu achava que era só paranoia minha.
— E você não achou que eu deveria saber?
— Eu tinha medo que isso quebrasse você — ele respondeu, olhando de relance para ela. — Que te destruísse.
Camila