O vento cortante das montanhas suíças chicoteava o rosto de Camila enquanto ela segurava o mapa com as mãos enluvadas. À sua frente, um trilho estreito se abria entre os pinheiros altos, coberto por neve recente. O chalé onde estavam hospedados havia ficado para trás — assim como qualquer vestígio de segurança.
Leonardo caminhava ao seu lado, silencioso, os olhos atentos aos arredores. Desde que haviam decifrado a localização indicada no mapa, não perderam tempo. Pegaram um carro alugado e seguiram até onde a estrada permitia. A partir dali, teriam que seguir a pé, montanha adentro.
— Tem certeza de que quer continuar? — perguntou ele, a voz abafada pelo cachecol. — Pode ser perigoso.
— Mais perigoso do que viver uma mentira? — retrucou Camila, sem desviar os olhos do caminho.
O mapa indicava um ponto isolado nos Alpes, próximo a um antigo sanatório desativado. Uma anotação em letras delicadas, provavelmente da mãe, dizia: "Memórias enterradas onde a neve nunca derrete."
— Is