Camila deixou o castelo com a caixa preta contra o peito e a alma em conflito. O céu em Zurique estava nublado, quase ameaçando tempestade, como se refletisse o estado de espírito dela. No carro que a aguardava na entrada da propriedade, ela pediu ao motorista que a levasse ao centro da cidade, sem pensar duas vezes.
Precisava de ar. Precisava de distância. Precisava de Leonardo.
Mas enquanto as ruas suíças passavam diante de seus olhos como um borrão de concreto, neve e silêncio, tudo o que ela conseguia sentir era uma vertigem crescente. Rodrigo não era apenas um pai que a abandonara. Ele era um arquiteto de silêncios, um homem que moldava o mundo à sua imagem e, agora, a queria como extensão de seu império.
Camila se refugiou em um pequeno café à beira do lago. Sentou-se no canto mais discreto, com a caixa em cima da mesa, ainda fechada. O garçom trouxe um chá sem que ela pedisse. Estava tremendo demais para segurar uma xícara.
Foi então que seu celular vibrou.
Leonardo.
Ela hesito