32. CULPA E SILENCIO
O ar parecia mais denso quando Roberto terminou sua longa narrativa sobre o passado. Um silêncio pairou sobre a sala, como se todos estivessem tentando absorver a enxurrada de memórias, confissões e justificativas lançadas sobre a mesa como peças de um tabuleiro incompleto.
Miguel, encostado à lateral da parede, manteve os braços cruzados. Sua expressão era impenetrável, mas o brilho nos olhos revelava a inquietação interna. Quando finalmente falou, sua voz saiu firme, cortante como vidro:
— Chega de rodeios, pai. Vá direto ao ponto.
Roberto ergueu as mãos num gesto de rendição, como se ainda quisesse manter a aparência de serenidade.
— Miguel, eu só estou tentando explicar que tudo o que fiz — ou deixei de fazer — jamais teve a intenção de ferir a Deise. Você sabe... Lucas sempre foi impulsivo. Por mais que eu tentasse guiá-lo, ele tomava as próprias decisões. Eu tentei conter os danos. Acredite em mim.
Miguel arqueou uma sobrancelha, descrente. A irritação era visível em sua respiraç