POV JOSÉ EDUARDO
Cheguei à cozinha e, ao olhar ao redor, achei estranho não encontrar Corine. Desde que me entendia por gente, eu sempre a via perambulando pelos cômodos da casa.
Mas agora, mais do que nunca, eu precisava vê-la. Contar a ela que sabia sobre toda a história. Apesar de meu pai ter contado a versão dele — de que tivera um caso com minha mãe e ela nunca revelara nada —, eu precisava ouvir os fatos da própria Corine.
— Alguma de vocês viu a Corine? — perguntei a um grupo de empregadas.
— Não, senhor. Ela saiu ontem à noite.
— Ontem à noite? E não voltou?
Elas deram de ombros.
— Não a vimos no café, senhor.
Aquilo estava estranho.
— Certo. Obrigado, meninas. Vou ver se consigo contato.
Saí dali em direção ao escritório do meu pai.
— Incômodo?
— Não — disse ele, envolto em papéis.
Apesar de o propósito de ter ido ali ser comunicar o desaparecimento de Corine, fiquei curioso com algo.
— Escuta, pai. Se boa parte do que fazemos não é… bom, não é legal, por que tantos papéis?
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