Nicolo Moretti
A garrafa de uísque tilintou contra o copo de cristal com um som solitário que ecoou no silêncio opressivo do meu estudo. Não era fraqueza. Nicolo Moretti não era fraco para a bebida, ou para qualquer outra coisa.
Mas…
Comecei a sentir uma leve tontura que tenho certeza de que é pelo acúmulo de uma noite mal dormida. Pelo peso esmagador da dor pela perda de Mário e a desconfiança cega, um veneno que corria em minhas veias, apontando para Caterino como o responsável pela morte do meu único filho.
E no centro desse turbilhão, como uma peça que não se encaixava, estava ela. Paula. A filha do homem que já jurei destruir um dia. Mesmo com ela sendo a minha esposa, como podia confiar que a sua presença na minha casa não era um cavalo de troia, uma adorável e perigosa armadilha enviada para me matar no primeiro descuido?
Esvaziei mais um copo de uísque dessa noite, o líquido âmbar queimando-me a garganta sem oferecer o esquecimento que eu buscava. A raiva era um animal vivo qu