Paula CacciniO silêncio em nossa casa nunca era apenas silêncio.Era uma coisa viva, pesada, que se enrolava nos corredores como uma serpente adormecida, pronta a sussurrar segredos e advertências. Eu cresci aprendendo a escutar o que o silêncio dizia. Ele me contava, antes de qualquer um, que meu pai estava de mau-humor, os passos eram mais curtos e secos no mármore.Ele me avisava quando as visitas não eram bem-vindas, a pausa era longa demais antes do tilintar da campainha ser atendida. E, principalmente, ele carregava o eco da voz da minha mãe, um fantasma de perfume de jasmim e melancolia que nunca nos deixou completamente.Em Nápoles, sob o sol implacável que tanto ilumina a beleza quanto expõe a sujeira, meu sobrenome é uma sentença. Não se pronuncia Caccini; sussurra-se, com um misto de respeito e medo. É meu pai, Don Caterino, a encarnação viva desse medo. Para o mundo, meu pai é um homem de negócios, um filantropo que financia a reconstrução de igrejas barrocas.Para mim, a
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