O mar do Uruguai desapareceu no retrovisor, mas sua sombra ainda me perseguia.
Voltei ao Brasil sem glória. Sem medalha. Sem rosto.
Israel Ravena agora era um nome nas manchetes policiais, mas a vitória não tinha gosto. Era como mastigar vidro: amargo, áspero, cortante. Eu não o matei. Mas a ferida dentro de mim ainda sangrava.
Na chegada, Marcelo me esperava no saguão do aeroporto de Congonhas. Rosto tenso, mas aliviado.
— Já divulgaram a denúncia. Está em todos os jornais. Os federais vão focar em Ravena. Mas você, Pedro... vai ter que enfrentar o que deixou para trás.
Assenti. Eu sabia. Sabia que a queda dele não apagava os crimes que cometi no caminho.
Na tarde seguinte, fui intimado. Compareci à sede do Ministério Público. Dois promotores e um gravador. Nenhuma alma.
Falei o que precisava ser dito. Admiti as manipulações, os contratos falsos, as fraudes que usei para empurrar a Ravena Corp. à beira da falência. Mas não entreguei ninguém que não merecesse. Nem Marcelo. Nem Augusto