Capítulo 16 — Entre a morte e o Prazer.
Narrado por Lúcio
Não sei ao certo quando Clara deixou de ser Clara.
Talvez tenha sido naquela noite em que voltou do escritório devastada, com os olhos vazios e a alma dilacerada.
Ou talvez tenha sido antes.
Talvez Pedro tenha plantado a ruína nela devagar, como um veneno que demora para fazer efeito… mas quando faz, já é tarde demais.
Eu a observei por dias.
Silenciosa. Trancada num quarto escuro. Às vezes rindo sozinha. Outras, chorando sem som.
Até que numa noite, ela parou de chorar.
E foi aí que percebi: ela não estava melhor.
Estava decidida.
Foi quando entendi —
o amor que ela sentia por Pedro virou açoite.
E ela escolheu usá-lo como faca.
Era perto das dez da noite quando entrei no hotel.
Subi sem avisar. Algo dentro de mim dizia que Clara já não estava mais ali. Que alguma coisa dentro dela havia morrido — e o que restava era só o vulto de uma mulher que um dia tentou amar o impossível.
Bati na porta do quarto.
Nenhuma resposta.
Tentei mais uma vez.
Então a porta se abr