Henrique apoiou as mãos na mesa, inclinado levemente para frente. O olhar não estava no computador. Estava nela.
— Você saiu esse fim de semana, né? — comentou, num tom casual demais para ser casual.
Ágata sentiu o estômago contrair. Fingiu concentração nos papéis.
— Saí… um pouco.
— Imaginei — ele disse, com um meio sorriso.
— Vi que você estava… diferente.
Ela ergueu os olhos, cautelosa.
— Diferente como?
Henrique deu de ombros, mas os olhos não disfarçavam nada.
— Mais… viva. A foto dizia isso.
O coração de Ágata bateu errado.
— Eu… — respirou fundo — normalmente eu oculto esse tipo de postagem pra você. Sempre oculto quando é algo fora do comum.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Henrique endireitou o corpo devagar, como quem escolhe cada palavra com cuidado… ou com intenção.
— Não precisava fazer isso.
Ela franziu a testa, confusa.
— Não?
— Não — repetiu, a voz baixa.
— Não acho justo você esconder quem é fora daqui.
Ágata sentiu o rosto esquentar.
— Aqui é ambiente profissio