Ágata não acreditava. Um homem como Henrique não olhava para mulheres como ela daquele jeito. Pelo menos era o que repetia para si mesma, como um mantra de proteção. O clima estranho existia, sim, mas ela o encaixava na gaveta das coincidências. Seguiu firme, profissional, pontual. Trabalho era trabalho.No fim de semana, porém, aceitou o convite de Poliana. A mãe insistira, quase como uma bênção: era hora de sair, rir, se lembrar de si. Ágata vestiu a blusa verde, o decote revelando curvas que ela costumava esconder do mundo. Saia curta, salto decidido, maquiagem intensa. No espelho, havia luz. E havia perguntas.Na balada, música alta, corpos em movimento. Ágata tirou uma foto, distraída, sorrindo com a própria coragem. Postou. Só depois percebeu o detalhe esquecido: Henrique podia ver. Pensou em apagar, mas deixou. Talvez cansaço. Talvez desafio.Ele viu. Não reagiu. Observou. A imagem ficou com ele mais tempo do que admitiria.Na segunda-feira, tudo parecia igual. Café preparado,
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