Ventos de Conflito
O dia amanheceu nublado, e uma brisa fria entrava pelas frestas das janelas do sítio.
O cheiro úmido da terra recém-chovida misturava-se ao perfume das flores no quintal.
Brenda corria pelo gramado, tentando alcançar as borboletas que dançavam sobre os girassóis.
Eu observava, segurando uma xícara de café quente, sentindo um misto de serenidade e inquietação.
Clara, ao meu lado, ajeitava algumas roupas no varal.
Seus movimentos eram precisos, mas havia uma tensão discreta no modo como ela olhava para o horizonte.
— Miguel você acha que eles vão vir mesmo? Perguntou, a voz baixa, quase sussurrada.
— Eles provavelmente vão. Respondi, apertando a xícara com força, sentindo o calor atravessar meus dedos e se misturar ao frio da manhã.
— Mas estamos preparados.
Por “eles”, entendíamos meus familiares mais próximos, aqueles que me haviam abandonado no hospital, afastando-se da minha vida quando perceberam que eu não voltaria como escritor de sucesso de imediato.
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