O SILÊNCIO ENTRE NÓS.
O Silêncio Entre Nós
A noite estava mais fria do que o habitual.
A casa silenciosa, Brenda dormindo no quarto ao lado, e Clara sentada na poltrona da sala, abraçada a uma almofada.
Eu a observava da porta do corredor.
O abajur lançava uma luz suave sobre ela, e mesmo em silêncio, havia uma inquietação no ar.
— Posso sentar com você? Perguntei.
Ela assentiu, mas não sorriu.
Fizemos silêncio juntos por alguns minutos. Depois, Clara falou sem olhar diretamente para mim:
— Tem dias que eu me pergunto se nós dois estamos aqui porque queremos ou porque não havia mais ninguém.
Fiquei quieto. A pergunta não era uma acusação.
Era uma ferida que precisava de luz para cicatrizar.
— Eu também me pergunto isso. Confessei.
— Se a dor nos juntou ou se a gente se descobriu no meio dela.
Ela virou o rosto na minha direção, os olhos marejados.
— Às vezes eu tenho medo de ser só um alicerce.
—Uma ponte entre você e o que sobrou da sua vida.
—E não o destino. Ela diz.
— Clara…
— Espera. Ela respi