As Primeiras Frestas da Luz
A manhã seguinte nasceu com o som do vento atravessando as frestas da janela.
O sítio parecia respirar comigo, como se cada canto da casa tivesse se acostumado à minha presença, depois de tanto tempo vazio.
Brenda já estava acordada, espalhando risadas pelo corredor enquanto inventava histórias para seus bonecos.
Aquelas gargalhadas, ainda tímidas, eram para mim como água em terra seca.
Clara surgiu da cozinha com o cabelo preso de qualquer jeito e o avental manchado de café.
Não parecia preparada para um grande dia, mas para o simples ato de existir ao lado de alguém. E foi ali que percebi:
Era esse tipo de simplicidade que eu mais temia perder.
— Dormiu bem? Ela perguntou, servindo-me uma xícara.
— Melhor do que em muitos anos. Respondi.
Nossos olhos se cruzaram.
Não havia pressa em falar, mas havia coisas não ditas, empilhadas entre nós.
O silêncio da noite anterior ainda pairava, mas não mais como peso:
Agora era como um pacto.
Brenda apareceu c