Corações em Reforma
O corpo avisou antes da mente.
A perna direita falhou na subida da escada.
A dor irradiou pelo quadril e pela lombar, como um incêndio repentino que consome tudo.
Caí de joelhos, e o mundo girou.
Clara correu, tentou me segurar, mas eu já estava no chão, com a respiração falha e os olhos presos ao teto.
— Miguel! Ela gritou, com o pânico contido apenas pelo instinto de enfermeira. Respira comigo. Devagar.
—Vem comigo.
Tentei, mas o ar não obedecia.
A crise não era só física. Era tudo!
O cansaço acumulado, a lembrança dos olhos do meu filho assustado, o peso da visita dos meus pais, o silêncio das cicatrizes que ainda não terminei de aceitar.
Fui levado ao hospital por precaução.
Radiografias, exames, repouso obrigatório por uma semana.
Nada quebrado, mas inflamações antigas que se reativaram.
O fisioterapeuta disse que era esperado.
O emocional cobra seu preço no corpo.
Mas o que mais doeu, foi o sentimento de impotência.
Na madrugada seguinte, não consegu