O Retorno das Palavras
O aroma do café recém-passado se misturava ao cheiro de papel antigo e tinta fresca.
O escritório de Miguel estava mergulhado em uma luz suave, filtrada pelas cortinas brancas que tremulavam levemente com a brisa da manhã.
Livros empilhados em mesas e prateleiras competiam por espaço, alguns com anotações à mão, outros abertos com marcadores em páginas estratégicas.
Era uma bagunça organizada, o tipo que só quem escreve entende, onde cada objeto guarda uma história, uma memória, uma emoção.
Miguel sentou-se em sua poltrona favorita, ajustando a lombar cansada.
Os músculos ainda lembravam da longa estada no hospital, dos dias imóveis e das pequenas conquistas físicas que vinham apenas com esforço e paciência.
Agora, a leve tensão que sentia era diferente:
Era expectativa, ansiedade misturada a um fio de euforia silenciosa.
Ele abriu o caderno azul, as linhas em branco esperando por suas palavras, como um campo fértil à espera da semente.
Brenda corria pel