O Peso e a Leveza da Rotina
A manhã começou cedo, como sempre.
O vento fresco entrava pelas janelas abertas, carregando o aroma úmido das plantas do quintal.
O sol ainda estava baixo, filtrando-se pelas copas das árvores e lançando sombras longas sobre a madeira do alpendre.
Clara já estava em pé, preparando o café, enquanto Brenda corria pelo corredor do sítio, descalça, com os cabelos despenteados e um sorriso que irradiava energia.
— Papai, acorda! Ela gritou, segurando meu braço com força.
— Eu vi um passarinho azul na árvore do fundo!
Sorri, sentindo o calor da manhã invadir meu peito.
Levantei-me devagar, apoiando-me nas muletas ainda presentes do meu corpo em recuperação, mas com a mente alerta e cheia de expectativa.
O movimento cotidiano do sítio já não me parecia pesado, era uma dança de pequenos gestos, de presença e cuidado.
Cada ato, desde levantar a mesa do café até regar os vasos com Brenda, carregava um senso de propósito que antes eu não conhecia.
Clara troux