As Primeiras Pegadas
O sol nasceu tímido naquela manhã.
Pelas frestas raios douradas atravessavam a janela do quarto ainda sem cortinas, pintando o chão de madeira com listras quentes.
O cheiro de café fresco chegou antes do som dos passos de Clara.
Era o primeiro amanhecer completo no sítio.
O primeiro com a casa cheia de presença e possibilidade.
Acordei antes do despertador imaginário que o silêncio da madrugada costumava acionar em mim.
Me sentei com cuidado.
O corpo ainda se acostumava com a liberdade que os músculos quase esqueceram. As muletas repousavam ao lado da cama como guardiãs.
Me levantei devagar, apoiando os pés descalços no assoalho frio.
Ao sair do quarto, fui guiado pelo aroma de pão assando e vozes infantis. Brenda falava alto, empolgada, como se cada frase fosse uma nova aventura.
— Mas é sério, Clarinha! Dinossauros podiam voar e nadar! Dizia, sentada na ponta da cadeira da cozinha.
— Alguns, sim.
—Mas não ao mesmo tempo, né? Clara respondeu, rindo, enqu