Capítulo 32 — O Lado Oculto do Vento
Quando deixaram o cais, o porto ainda parecia vigiar. A névoa tinha baixado um pouco, mas havia um silêncio de quem viu mais do que vai contar. Rafael caminhava ao lado de Helena com a respiração ainda descompassada — não pelo homem encapuzado, mas pelo que veio depois: o jeito como ela tomou o punhal dele, o jeito como o olhou e disse “não sou eu quem precisa de proteção”.
Isso doía e atraía na mesma medida.
— Aquele homem não veio para mim — ele disse, quebrando o silêncio. — Veio para nós. Ou… para mim, porque eu estou com você.
— Ele veio para ver até onde você ia — Helena respondeu, sem parar de andar. — E para mandar recado. Gente que trabalha para Saboya gosta de teste: se o jornalista corre, é fraco; se briga, é útil; se morre… melhor ainda.
— E você já sabia que podia acontecer?
— Eu sempre sei que pode — ela disse, e havia um orgulho suave na frase. — O que eu não sei é se quem está comigo aguenta.
Rafael mordeu por dentro a vontade de di