Capítulo 33 — O Lacre e a Mentira
Desceram do terraço por uma escada de serviço que quase ninguém usava. O hotel tinha um salão menor, de reuniões, com cortinas pesadas e cheiro de couro. Helena empurrou a porta com a ponta dos dedos — não trancada, não exatamente aberta. Deixou que ele entrasse primeiro.
— Fecha — pediu. — Hoje a gente fala sem plateia.
Rafael fechou. O barulho da rua sumiu. Ficaram só os dois e o tique-taque do relógio de parede.
Helena colocou a bolsa sobre a mesa e a abriu com calma. De dentro tirou um estojo de couro escuro, fino, com fecho metálico. Não era joia. Não era arma. Era outra coisa.
— Lembra dos números? — ela perguntou. — 1189-SC. 1190-SC.
— Do lacre da caixa — ele respondeu na hora. — O vermelho.
— Então. — Ela abriu o estojo.
Lá dentro, sobre um veludo gasto, estava um pedaço de lacre vermelho cortado, com o número 1189-SC ainda visível. Um pedaço pequeno, mas que parecia enorme dentro do estojo.
Rafael prendeu o ar.
— Você pegou…?
— Do lixo — ela