Capítulo 17— A Sombra no Claustro
O peso do caderno sem nome parecia maior do que o couro que o encapava. Eu ainda o segurava quando Helena, parada no vão da porta, disse apenas:
— Agora você entende.
Antes que eu pudesse responder, um som metálico atravessou o corredor do convento. Metal contra pedra. O eco correu pelas colunas e fez o ar perder temperatura.
Helena ergueu o rosto, os olhos escurecendo de atenção.
— Não estamos sozinhos — disse, como quem anuncia um fato inevitável.
Fechei o caderno, enrolei-o no jornal que trazia no bolso e o enfiei por dentro da camisa, contra o peito. A sensação era de carregar um coração que batia por conta própria. Helena fez um gesto curto, rápido: dois dedos indicando o claustro.
— Por aqui. As portas à esquerda dão para um pátio pequeno. Sem eco.
— Quem…?
— Alguém que veio buscar o que você levou.
Caminhamos. O som dos passos era engolido pelo chão, e o ar parecia conter respiração de séculos. Ao atravessar o arco, o pátio revelou-se simples,