Capítulo 16 — O Diário sem Nome
O caderno repousava pesado em minhas mãos. O couro escuro, gasto nas bordas, tinha cheiro de séculos. Não havia título, nem nome de autora — apenas um símbolo gravado no centro: uma pequena flor entrelaçada com uma coroa simples. Magnolia. Sempre ela. Sempre escondida onde menos se espera.
O convento estava silencioso, mas o silêncio ali parecia vivo, atento. Podia jurar que cada vela acesa respirava. Do lado de fora, o sol se filtrava pelas frestas das janelas em listras finas, dourando o pó que dançava no ar. Cada partícula parecia uma lembrança antiga se movendo devagar, prestes a se depositar sobre mim.
Abri o caderno com cuidado.
A primeira frase, escrita em tinta já um pouco desbotada, me atravessou como um presságio:
“Não precisei de trono para governar, nem de coroa para que me escutassem. Meu poder sempre esteve no silêncio e no olhar.”
Engoli em seco. Aquilo não era uma confissão — era um manifesto.
As páginas seguintes eram um labirinto de me