Capítulo 15 — Santa Clara
O convento de Santa Clara se erguia como uma sombra alva no meio da manhã. Suas paredes caiadas refletiam a luz do sol, mas havia algo nelas que não brilhava — era uma brancura opaca, como se escondesse mais do que revelasse. No portão de ferro, um brasão quase apagado pela ferrugem: duas chaves cruzadas, envoltas por uma coroa simples.
Eu já estivera em lugares religiosos antes, mas nada me preparava para a sensação de entrar ali. O silêncio parecia organizado, como se fosse ensaiado. Cada pedra, cada arco, cada sombra tinha a sua função.
Lucía não estava comigo. Na verdade, desde a noite anterior, não tive notícias dela. Apenas aquele cartão branco com as palavras “Santa Clara. Amanhã.”
E aqui estava eu.
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— Buenos días — disse uma freira idosa, de olhos claros e voz firme. — Vem rezar?
— De certo modo — respondi, tentando sorrir. — Vim buscar respostas.
Ela não se surpreendeu, apenas fez um gesto para que eu entrasse. Conduziu-me por um claustro com coluna