Capítulo 14 — Portas que se Abrem com Nomes
O café parecia respirar junto com a cidade: azulejos azulados, madeira antiga, um cheiro de café torrado que insistia em ficar no ar mesmo quando ninguém mexia as xícaras. A mulher de olhos oblíquos ainda me observava por cima da taça de vinho.
— Você disse que conhece a história “de dentro” — repeti, tentando não soar ansioso. — “Dentro” de onde?
— De onde as versões não chegam — ela pousou a taça. — Você veio ao lugar certo, mas está batendo nas portas erradas.
— E quais são as certas?
— As que não parecem portas. — Um meio sorriso. — Helena lhe falou sobre isso, não falou?
Assenti, desconfortável com a obviedade com que meu mapa íntimo parecia público.
— Quem é você?
— Lucía — respondeu, como se esse nome explicasse mais do que dizia. — Lucía… Henestrosa.
O sobrenome bateu no meu ouvido como uma pedra jogada num lago quieto. Henestrosa. O mesmo da família que, nos registros, surgia atrelada à ascensão de Maria de Padilla na corte.
— Paren