Capítulo 13 — Ecos de Sevilha
O avião cortava a madrugada como uma navalha. As luzes da cabine oscilavam sobre rostos sonolentos, mas o meu corpo não aceitava descanso. A fotografia em minhas mãos parecia me observar. A mulher do retrato não sorria — olhava de lado, como se dissesse: “você ainda não sabe o suficiente”. No verso, a caligrafia delicada e firme ecoava em minha mente: “Sevilha espera.”
Fechei os olhos tentando dormir, mas o som do motor se confundia com a voz de Helena. “Algumas portas só se abrem quando você entende que já passou por elas antes.”
Era o tipo de frase que parecia poética, mas que se infiltrava como veneno lento.
O amanhecer me encontrou acordado. Pela janela, o sol subia sobre a Andaluzia, dourando o relevo como se a própria terra guardasse segredos sob a pele.
⸻
A Chegada
O calor de Sevilha me atingiu no rosto logo ao sair do aeroporto. O ar era denso, misto de poeira e flor de laranjeira. O taxista, homem de bigode espesso e olhar curioso, perguntou:
— P