Os dias foram se tornando mais leves.
Não porque a saudade tivesse diminuído, ela apenas aprendeu a conviver com ela. Como uma cicatriz que parou de doer, mas que ainda arde quando o vento toca. Sophia agora caminhava com mais calma, falava mais devagar e, de vez em quando, até sorria sem culpa.
O inverno dava seus últimos sinais. O branco começava a se retrair, abrindo espaço para o cinza da terra úmida e junto com ele, a rotina se renovava.
As manhãs eram preenchidas por chá quente, pães amanteigados e as aulas de francês que Sílvia preparava com delicadeza quase maternal. A madrinha falava com entusiasmo, usava cartões ilustrados, repetia frases com paciência, como se cada nova palavra fosse uma chave que Sophia precisava aprender a girar.
— Bonjour, mon bébé. — disse Sílvia certa manhã, apontando para o ventre da afilhada com um sorriso.
— Ele não entende francês — respondeu Sophia, rindo.
— Mas ele entende amor. E amor tem sotaque universal.
As duas riram juntas. Era raro, mas er