Os dias no Canadá pareciam se mover com uma lentidão poética. Havia algo no ar gelado, no som abafado da neve cobrindo as calçadas, que fazia o tempo parecer mais denso, como se cada segundo ali precisasse ser vivido com mais atenção. Era como se o mundo estivesse em pausa.
Para Sophia, isso era um alívio… e também um castigo.
A cidade pequena onde agora vivia com sua madrinha Sílvia, estava longe demais de tudo que conhecia, falava uma língua que ainda não dominava, e era envolta por paisagens brancas que, por vezes, a faziam se sentir como uma peça fora do lugar. Mas, aos poucos, ela aprendia a respirar com mais leveza. A olhar pela janela e ver beleza em vez de solidão.
Aquele lugar, frio por fora, começava a aquecer por dentro.
E isso se devia, em grande parte, ao pequeno coração que batia dentro dela.
Já haviam se passado duas semanas desde que ouvira o som que mudaria para sempre sua vida: as batidas rápidas e firmes do coração do bebê. Era apenas um ponto de luz pulsando em um