Era fim de tarde quando Laura decidiu que já era hora de ir. A conversa com Apollo havia sido longa, intensa, cheia de emoções represadas que finalmente encontraram uma saída. Mas mesmo depois de tanto dito, havia ainda algo que pairava no ar — um sentimento entre a urgência e o medo, entre a vontade de ficar e o receio de ir longe demais.
Laura se levantou devagar do sofá, onde estivera sentada ao lado de Apollo. As mãos ainda próximas, os ombros quase se tocando, mas sem ousar quebrar aquela tênue linha que separava a amizade daquilo que crescia com cada olhar trocado.
— Eu acho que já vou… — ela disse, a voz suave, hesitante.
Apollo a olhou, como se o tempo tivesse congelado por um segundo.
— Já? — perguntou, quase como um sussurro.
— Já… — ela repetiu, tentando convencer a si mesma mais do que a ele.
Ele se levantou também, e os dois ficaram frente a frente. O sol do entardecer atravessava a janela, pintando a sala com tons dourados. Laura parecia ainda mais bonita àquela luz. E A