Encontro Harumi sentada no mesmo lugar em que Mariana e Helena a deixaram.
A mesa à frente dela está cheia dos lanches que Mariana trouxe mais cedo, mas não é isso que me prende.
É ela.
Me aproximo, puxo a cadeira e me sento de frente, observando seus ombros um pouco curvados.
— Como foi?
Seus olhos lentamente encontram os meus. Castanhos escuros, amendoados, profundos.
O vento brinca com os fios negros do seu cabelo, que deslizam como uma cortina suave sobre os ombros. Eles se movem com a brisa, delicados.
Lembro da primeira vez que a vi — naquele porão abafado, quando a imobilizei contra a parede.
Os olhos dela ardiam de medo, o coração batia como se quisesse fugir. Mas ela não cedeu. Havia algo nela… uma chama que me prendeu ali antes mesmo de eu saber o por quê.
Agora, sob a luz da tarde, vejo isso com mais clareza. E não vou mentir: isso me assusta.
— Digamos… — ela para por um instante, os olhos fixos em um ponto na mesa — que não foi como o esperado.
— A