Capítulo 76 Entre sombras, promessas e esperança.
Eduardo
Há dias em que eu acordo antes do sol.
Não por insônia, mas porque o medo não me deixa dormir o suficiente pra sonhar.
O relógio marca 4h12 quando eu abro os olhos.
A casa está silenciosa — só o som distante do mar e o ronco leve do vento batendo nos vidros.
Mas mesmo o silêncio parece suspeito.
Desde o que aconteceu na escola, a vida virou um jogo de xadrez.
E eu odeio jogos quando as peças são pessoas que amo.
Desço as escadas devagar.
Matthew está na sala, com o laptop aberto e as olheiras fundas denunciando que não dormiu também.
A luz azul da tela ilumina o rosto dele, e o som abafado das gravações enche o ar com vozes deformadas pelo ruído.
— Tem mais alguma coisa — ele diz, sem me olhar. — O arquivo que conseguimos ontem foi corrompido, mas o técnico conseguiu restaurar metade. Ouve isso.
Aperta o play.
A voz de Thiago surge primeiro, fria, calculada:
Ele confia demais nos próprios homens. Um deles já me passa tudo o que eu preciso.”
Pausa.
Eu sinto o estômago gelar.
—