Capítulo 72, Entre duas tempestades.
– Lua
(Primeira pessoa)
Há dias em que acordo acreditando que tudo é apenas um sonho lindo.
Que aquele resultado positivo não é real, que o pequeno ser crescendo dentro de mim não passa de um desejo antigo voltando a me visitar.
Mas aí o enjoo vem — ácido, impiedoso, e me lembra de que sim, há vida aqui dentro.
E é como se o mundo, de repente, tivesse ficado mais frágil e mais bonito ao mesmo tempo.
A gravidez chegou de forma silenciosa, quase tímida. No início, achei que fosse apenas o cansaço da recuperação. Mas quando a tontura começou a me visitar todas as manhãs, percebi que algo diferente acontecia.
Lembrei do Eduardo me contando que estava fazendo o tratamento de fertilidade escondido e ele me disse que eu estava grávida, ele estava muito feliz e emocionado.
A primeira vez que estive grávida, o destino me arrancou o direito de viver aquele amor desperto.
Tudo foi medo, hospital, silêncio. Eu estava em coma quando Sol nasceu — e quando despertei, ela estava frágil e o medo de pe