Capítulo 23, Ela virou meu mundo de cabeça para baixo.
(Eduardo Duarte Galvão)
Os dias depois do jantar em minha casa foram… estranhos. Estranhos no pior e no melhor sentido.
Eu havia me acostumado a viver como uma fortaleza: portas fechadas, paredes grossas, sentimentos trancados a sete chaves. Mas depois daquela noite, parecia que alguém tinha encontrado as chaves — e esse alguém era Lua.
No escritório, percebi que ela já não era a mesma. A mulher que antes gaguejava quando eu elevava o tom agora se mantinha firme. Anotava cada detalhe com precisão, organizava compromissos sem que eu precisasse pedir, respondia e-mails com clareza e segurança.
Era como se tivesse encontrado um lugar que lhe dava força.
E eu? Eu me peguei observando-a em silêncio mais vezes do que gostaria de admitir. O jeito como inclinava a cabeça ao digitar, como prendia o cabelo quando estava concentrada, a firmeza com que sustentava o olhar de um cliente arrogante.
E, ainda assim, mantinha aquela doçura difícil de explicar.
Isso me irritava.
Eu não podia me dar ao l