Capítulo 139 coração corajoso.
— Visão de Henry
Existem momentos em que a medicina deixa de ser ciência e passa a ser espera.
A cirurgia do Victor terminou, mas a verdadeira prova começou depois.
Eu já sabia disso. Ensinei isso a alunos. Expliquei isso a pais. Repeti isso inúmeras vezes em corredores de hospital.
Mas nada — absolutamente nada — prepara um homem para ver o próprio filho ligado a monitores, com o peito marcado por uma incisão que fui eu quem fiz.
A recuperação.
Esse território frágil entre o “deu certo” e o “agora precisamos observar”.
Victor estava estável. Os parâmetros eram bons. O coração — aquele pequeno coração que quase não cabia na minha mão — batia com um ritmo mais firme, mais organizado.
O sopro havia diminuído drasticamente. A estenose fora corrigida dentro do possível para um recém-nascido tão pequeno.
Tecnicamente, tudo havia corrido bem.
Mas eu não era só o cirurgião ali. Eu era o pai.
E isso muda tudo.
Passei horas ao lado da incubadora, mesmo quando minha presença não era necessária