O salão estava tomado por um zumbido constante de vozes, brindes e passos contidos. As taças tilintavam entre goles discretos de espumante e comentários sutis demais para serem inocentes. Matteo observava o ambiente com os olhos semicerrados.

Grupos se formavam e se dissolviam com a mesma rapidez de alianças feitas no submundo — nada dito em voz alta, tudo compreendido no subtexto.

A tensão, embora polida, era tangível. Os clãs presentes, alguns outrora inimigos, agora trocavam olhares como cúmplices em um teatro onde todos fingiam não conhecer os próprios crimes.

Rocco, ao lado de Matteo, fazia sua parte: ouvia, sorria, e desviava o foco dos homens ao redor falando sobre negócios e acordos silenciosos que pareciam ter voltado à pauta após anos de trégua.

— A questão do porto do sul ainda não está resolvida — comentou um deles.

— Ainda colhemos as cicatrizes das famílias que já não existem — disse outro, tomando um gole.

— Como o legado do avô de Bion… — arriscou um terceiro, com tom