— É admirável — disse Ferraro, com um sorriso que escondia farpas — ver homens tão… acolhedores com herdeiros que não carregam o sangue da casa.
O silêncio que se instalou foi imediato. Rocco ergueu o queixo, os olhos faiscando.
— Melhor do que cuspir no próprio sangue por orgulho — retrucou, firme. — Ao menos eu sei onde está minha lealdade.
— E seu lugar — completou Ferraro com suavidade, mas o tom vinha carregado de veneno. — Sempre à sombra de outro.
Matteo cruzou os braços, os olhos duros.
— Às vezes, o verdadeiro perigo está em quem tenta limpar o sangue com facilidade demais. O passado não some com uma pá de ouro, Ferraro. Ele apodrece na base.
Ferraro apenas inclinou levemente a cabeça, como quem aceita o golpe — mas sem admitir derrota.
— Que poético, Bianchi. Mas ainda prefiro lidar com raízes podres do que regar ervas daninhas que se agarram à base de casas que não são suas. O cão que vive à sombra do dono morde quando acha que pode, mas continua preso à coleira.
Rocco deu