O céu tingia-se em tons de pêssego e lavanda, como se o próprio universo quisesse bordar o instante com delicadeza. O vento era brando, e o mar murmurava bênçãos, como uma canção antiga que só os apaixonados conseguiam entender.
A cerimônia era pequena.
Íntima.
De almas que sabiam que o essencial não precisa de platéia.
Apenas de verdade.
Flores brancas contornavam o caminho de conchas até o altar de madeira clara. Os pés de Anyellen tocavam a areia como quem agradecia à terra por tê-la mantido firme durante tantas tempestades.
Ela caminhava lenta, com o vestido esvoaçando em poesia ao redor do corpo. Não era só uma noiva. Era a mulher que sobreviveu. A que renasceu de todos os nãos.
Miguel a esperava com os olhos marejados. Trajava branco. Mas era o olhar que o deixava nu: exposto, entregue, reverente.
Quando ela parou diante dele, o tempo fez silêncio.
E então, entre respirações e tremores, ele sussurrou:
— Eu nunca vou embora.
A voz dele tremia, mas os olhos seguravam firme.
Era um