Ele a toma com silêncio. E ela o ama sem se declarar.
A casa estava mergulhada no mais absoluto silêncio. Não o silêncio do incômodo, mas o tipo que vem depois da conexão, depois da entrega, depois do "nós" que ainda não se disse em voz alta, mas já pulsa.
Anyellen caminhava descalça pelo chão de madeira. A camisola de seda escorregava pelas coxas como se fosse feita de vento. Os cabelos presos em um coque frouxo, o olhar mais sereno do que ela mesma se permitia admitir.
Miguel estava parado na varanda, camisa aberta, uma taça de vinho esquecida na mão e os olhos mergulhados em alguma dúvida que não ousava mais nomear.
Ela parou na porta e o olhou por alguns segundos. A curva das costas dele, a tensão contida nos ombros, a respiração pesada...
Tudo nele parecia dizer o que a boca não dizia.
Ele sentiu sua presença antes mesmo de ouvi-la.
Virou-se devagar. O olhar que a encontrou foi quente, cru, e carregado demais para ser dito em palavras.
Anyellen não falou.
Miguel também não.
Ela