O hospital onde Dona Carmem estava internada para tratamento do alcoolismo não tinha luxo, mas era limpo, silencioso e rodeado de árvores altas que balançavam ao vento, como se sussurrassem segredos guardados entre galhos. Anyellen caminhava pelos corredores estreitos com o coração apertado, cada passo uma batida ansiosa dentro do peito.
Era a primeira vez que veria a mãe sóbria depois de anos, talvez décadas de convivência machucada por bebidas, silêncios e culpas enterradas.
Quando chegou à porta do quarto 213, respirou fundo. Não sabia o que esperava. Talvez um olhar duro. Talvez uma nova acusação. Talvez nada. Mas o que encontrou ao empurrar a porta com delicadeza foi… algo diferente.
Dona Carmem estava sentada na poltrona, os cabelos grisalhos presos em um coque frouxo, os olhos mais claros do que Anyellen lembrava. Vestia um robe simples e tinha as mãos pousadas sobre o colo, firmes, como se segurassem as palavras que estavam prestes a sair.
— Você veio!
Disse a mulher, com a vo