Quando Clara, uma jovem mulher que leva uma vida tranquila ao lado de seus pais e irmãos, se vê forçada a casar com um CEO poderoso para salvar a empresa de seu pai afundada em dívidas de jogos, sua vida vira de cabeça para baixo. O casamento, mais uma transação financeira do que uma união de amor, a coloca em um mundo de poder, manipulação e traições. Mas o que Clara não espera é que seu coração se envolva de forma inesperada com o irmão do CEO, um homem enigmático e ambicioso, que não só deseja o lugar do irmão na empresa, mas também sua esposa. Ao cair em uma relação secreta com o irmão, Clara se vê dividida entre o que deseja de verdade e o que precisa fazer para garantir sua sobrevivência dentro desse jogo perigoso. Quando a mentira se torna a única forma de controlar o que sente, Clara finge que o filho que está esperando é do CEO, a fim de manipular a situação e conseguir mais dinheiro, enquanto segue alimentando o desejo e o segredo com o irmão. Mas com o irmão do CEO tramando a destruição da empresa e de seu irmão, Clara se vê ainda mais presa nesse emaranhado de intrigas, onde o jogo de lealdades e traições pode ser fatal. No entanto, o que ninguém esperava é que a verdade, no final, seria muito mais cruel do que qualquer mentira.
Leer másO cheiro do café recém-passado se espalhava pela casa, misturado ao som distante da televisão ligada na sala. O relógio da cozinha marcava 7h32 quando Clara desceu as escadas, ainda vestindo seu roupão branco de algodão, os cabelos castanhos presos em um coque frouxo e os olhos inchados de sono. A casa onde vivia com os pais e os dois irmãos mais novos era espaçosa, mas os sinais de desgaste nas paredes e nos móveis já denunciavam os tempos difíceis que vinham enfrentando.
Clara havia completado 22 anos no mês passado. Cursava Letras na faculdade pública da cidade, mas há quase um semestre havia trancado a matrícula para ajudar nas contas de casa. Trabalhava meio período em uma livraria no centro, e passava o resto do dia entre panelas, roupas para lavar e a tentativa de manter alguma ordem na rotina dos irmãos adolescentes, Lucas e Henrique.
A voz de sua mãe, Irene, veio da cozinha, como um sussurro carregado de cansaço:
— Bom dia, filha. Dormiu bem?
— Mais ou menos — respondeu Clara, abrindo a geladeira e pegando o leite.
Os olhos da mãe estavam fundos. Ultimamente, mal dormia. As preocupações com o pai, o sumiço do dinheiro da conta, os telefonemas estranhos durante a madrugada... Tudo parecia escorrer por entre os dedos da família como areia seca.
Clara percebeu a ausência do pai. João Carlos não estava sentado à mesa como de costume. Ele era um homem imponente, de voz grave e gestos firmes, dono de uma pequena empresa de importação que herdara do próprio pai. Pelo menos, até poucos meses atrás. Desde que os negócios começaram a afundar, ele se tornara um estranho em casa: calado, amargo e ausente.
— Ele saiu cedo de novo? — Clara perguntou, tomando um gole de café.
Irene apenas assentiu com a cabeça, como se evitasse dizer em voz alta algo que já pesava sobre todos. Clara sabia que o pai estava envolvido com jogos de azar. Tinha descoberto por acaso, ao ver mensagens no celular dele enquanto o carregava na sala. Dívidas. Apostas. Um vício que começara com inocência e terminara em promessas quebradas e olhares evitados.
— A gente vai conseguir sair dessa — disse Clara, mais para si mesma do que para a mãe.
Mas Irene apenas suspirou. Era difícil acreditar quando os cobradores já haviam batido à porta duas vezes naquela semana. O último empréstimo que o pai fizera colocava a casa como garantia, e agora estavam todos à beira do colapso.
O dia seguiu arrastado. Clara saiu para o trabalho às 9h e retornou por volta das 15h, caminhando sob o sol quente com passos lentos. Ao chegar em casa, encontrou o pai sentado na sala, com o paletó sobre o encosto da cadeira e o olhar vidrado para a televisão desligada.
— Oi, pai — disse, tentando parecer natural.
Ele levantou os olhos para ela, mas não respondeu. Apenas acenou de leve com a cabeça. Clara estranhou a quietude. Havia algo diferente em sua expressão. Menos tensão, talvez. Ou alívio. E foi então que ele se levantou e falou, pela primeira vez naquele dia:
— Clara, preciso conversar com você.
Ela gelou por dentro. O tom de voz era sério, mas não agressivo. Ainda assim, algo naquela frase a fez sentir que o mundo ao seu redor estava prestes a ruir.
— Claro, pode falar.
Ele caminhou até o sofá e fez sinal para que ela sentasse ao lado dele. Quando Clara se acomodou, ele começou:
— Eu... Eu cometi muitos erros. Erros graves. Estou afundado em dívidas que não consigo mais pagar. Já tentei de tudo. Vendi carros, tirei dinheiro de onde não devia, fiz promessas... Mas agora chegou num ponto em que não há mais saída.
Clara ficou em silêncio. A garganta apertada.
— Hoje de manhã — continuou — encontrei um antigo conhecido dos negócios. Um empresário... um homem muito poderoso. Um CEO de uma das maiores holdings do setor financeiro do país. Ele me ofereceu ajuda. Disse que pode pagar todas as minhas dívidas, salvar nossa casa e nossa empresa. Mas em troca...
João hesitou.
— Em troca de quê? — Clara perguntou, com o coração disparado.
— Ele quer se casar com você.
Clara riu, achando que era uma piada de mau gosto. Mas quando olhou para o pai, viu nos olhos dele a verdade amarga.
— Isso é loucura! — ela exclamou. — Eu nem o conheço!
— Ele... ele conhece você. Disse que já te viu uma vez, em um evento. Ficou impressionado. E agora quer unir as famílias, segundo ele. Um acordo. Um contrato.
— E você aceitou?
João não respondeu. Mas o silêncio falou por ele.
Clara se levantou, revoltada, lágrimas nos olhos.
— Você quer me vender como moeda de troca?
— Não é isso! — ele se ergueu também, tentando alcançá-la. — Eu não tenho escolha, Clara. Se não aceitarmos, vamos perder tudo. Literalmente tudo.
Ela saiu correndo para o quarto, batendo a porta com força. Encostou-se à madeira fria e desabou em lágrimas.
O silêncio voltou a dominar a casa. Mas agora, era o tipo de silêncio que precede uma tempestade.
Clara acordou com a luz suave da manhã atravessando as cortinas. Demorou alguns segundos até se lembrar do jantar da noite anterior com Alexandre. Um sorriso sem graça surgiu em seus lábios. Ele havia sido atencioso, divertido, e por um momento ela se permitiu esquecer de Augusto. Mas agora, deitada em sua cama, sentia o coração dividido.Ela se levantou, tomou um banho demorado e preparou um café simples. Enquanto comia uma fatia de pão com manteiga, pegou o celular. Havia uma mensagem de Augusto, enviada logo cedo."Bom dia, Clara. Estou contando os dias (e as horas) para nosso jantar de quinta. Espero que sua semana esteja sendo leve. 😊"O coração dela acelerou. Augusto tinha esse poder — de aparecer com poucas palavras e bagunçar tudo dentro dela. Clara respondeu com um sorriso no rosto:"Bom dia, Augusto! Quinta está confirmadíssima. Também estou ansiosa. Tenha um ótimo dia! ☕"Mal enviou, e outra notificação surgiu. Era Alexandre, o chefe. A mensagem era educada, mas deixava um
O despertador tocou, mas Clara já estava desperta. Passara boa parte da madrugada olhando para o teto, revivendo a noite anterior em sua mente. O jantar com Alexandre tinha sido leve, divertido, até inesperadamente agradável. Mas cada vez que ela sorria ao lembrar de uma piada que ele havia feito, um sentimento de culpa a invadia, como se estivesse traindo algo que ainda não era dela — ou talvez alguém que ainda não era seu.Levantou-se devagar, indo direto ao banheiro. A água fria em seu rosto ajudou a clarear os pensamentos. Vestiu-se com mais cuidado do que o habitual para um dia comum no escritório. Optou por uma blusa clara e uma saia de tecido leve, tentando manter o profissionalismo sem parecer que estava se arrumando para impressionar. Mas, no fundo, ela sabia que estava.No caminho para o trabalho, sua mente era um emaranhado de pensamentos. "O que está acontecendo comigo?", murmurou em voz baixa enquanto observava as pessoas na rua, alheias ao turbilhão dentro dela.No escri
O dia começou como qualquer outro, mas Clara sentia que algo dentro dela havia mudado. Desde o jantar com Augusto, sua mente andava ocupada com lembranças daquele momento delicado, do olhar firme e doce dele, da conversa envolvente que parecia ter durado segundos e horas ao mesmo tempo. No entanto, aquela leveza que havia tomado conta de seu coração começou a ser desafiada por um olhar diferente no ambiente de trabalho.O chefe de Clara, Alexandre, estava mais atento a ela. Nos últimos dias, ele a observava com mais frequência, e hoje, em especial, parecia determinado a quebrar o distanciamento profissional que sempre mantiveram. Logo pela manhã, ele se aproximou com um sorriso descontraído enquanto Clara organizava algumas planilhas em sua mesa.— Anda muito pensativa ultimamente, Clara. Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, apoiando-se casualmente na borda da mesa.Clara ergueu os olhos rapidamente, um tanto surpresa com a aproximação. Alexandre raramente puxava esse tipo de conv
A quarta-feira chegou com um céu limpo e um clima ameno. Clara passou o dia com uma mistura de ansiedade e expectativa. Apesar de tentar manter o foco no trabalho, sua mente se distraía constantemente, pensando no encontro daquela noite. As palavras doces de Augusto nas mensagens, os gestos gentis e o olhar sincero haviam deixado nela uma sensação gostosa de encantamento.Depois do expediente, Clara voltou para casa apressada, determinada a se arrumar com calma. Tomou um banho relaxante, escolheu um vestido azul de tecido leve que valorizava seu corpo com elegância e colocou um perfume suave, floral. Enquanto colocava os brincos diante do espelho, sentiu o coração acelerar com o som da campainha. Era ele.Augusto estava pontual, como prometido. Quando Clara abriu a porta, ficou por um instante sem palavras. Ele usava uma camisa branca bem cortada, calça escura e sapatos impecáveis. Segurava nas mãos um pequeno buquê de flores delicadas — lírios e rosas brancas.— Você está deslumbrant
A manhã de terça-feira amanheceu com um leve névoa cobrindo os telhados de Valmor, como se o dia estivesse tentando se esconder da pressa cotidiana. Clara acordou antes mesmo do despertador tocar, os olhos fixos no teto branco do quarto enquanto a mente repassava cada detalhe da mensagem de Augusto na noite anterior. A ideia de um jantar mais íntimo, apenas os dois, havia aquecido seu coração e deixado suas emoções em alvoroço.Ela levantou devagar, tomou um banho morno e preparou um café simples. Ao sentar-se à mesa da cozinha, percebeu que mal sentia o gosto da torrada. Estava absorta em pensamentos, com um sorriso contido nos lábios. Tantas coisas haviam mudado em tão pouco tempo. Augusto parecia tão diferente de tudo que ela já havia vivido. Atencioso, respeitoso, gentil... E ela, depois de tanto tempo, sentia-se viva novamente.No trajeto até o trabalho, Clara encarou o reflexo no vidro do ônibus. Os olhos um pouco cansados, mas iluminados por uma esperança nova. O coração batia
A manhã de segunda-feira chegou trazendo consigo o barulho inconfundível da cidade acordando. Clara despertou com o som do despertador insistente e um leve sorriso no rosto. As lembranças do domingo ao lado de Augusto ainda estavam frescas em sua mente. O parque, as conversas, os olhares... tudo parecia ter saído de um filme romântico. Mas agora era hora de voltar à realidade: trabalho, planilhas e relatórios. Depois de um banho morno e um café apressado, Clara se arrumou e desceu as escadas do prédio rumo ao ponto de ônibus. O vento da manhã ainda carregava o frescor da noite anterior, e enquanto esperava, ela olhava para o céu entreaberto, como se procurasse lá a resposta para os sentimentos novos que começavam a florescer. O ônibus chegou cheio, como de costume. Clara encontrou um lugar ao fundo, próximo à janela, e se acomodou com os fones de ouvido. A música ajudava a distrair a mente, mas era impossível não pensar em Augusto. As palavras dele ecoavam em sua memória: "Você me f
Último capítulo