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Capítulo 5 — A Primeira Noite e os Segredos Não Revelados

A primeira noite no grande casarão foi silenciosa, tão silenciosa que Clara sentiu como se estivesse em um outro mundo, isolada de tudo o que um dia conheceu. O lugar, imenso e imponente, estava longe de ser acolhedor. Ela se mexia na cama, tentando se ajustar ao novo ambiente, mas a cama enorme parecia fria e distante, e a quietude da casa fazia com que ela sentisse um peso no coração. Nada sobre aquele lugar parecia familiar.

Quando Clara olhou ao redor, a decoração luxuosa e impessoal não fazia sentido para ela. Cada objeto, cada móvel, parecia ter sido colocado ali com o único propósito de impressionar, e não de trazer aconchego. A grande janela do quarto, que dava para o jardim, permitia que ela visse as luzes da cidade distante, mas não oferecia a sensação de conforto que ela desejava. Ela fechou os olhos, tentando bloquear os pensamentos que invadiam sua mente, mas não conseguia. As imagens do casamento, a assinatura do contrato, a promessa de Enrico de cuidar dela... Tudo parecia um pesadelo distante que ela não podia simplesmente esquecer.

Enrico, por sua vez, estava sentado na beirada da cama, tirando o terno com calma. Ele parecia alheio à angústia de Clara, como se fosse natural estar ali, naquele quarto, naquela casa. Ele se virou para ela e, com um sorriso, disse:

— Você está cansada, Clara. Eu sei que a mudança é difícil, mas com o tempo você vai se acostumar. Eu estarei aqui para garantir que tudo o que você precisar esteja à sua disposição.

Clara tentou sorrir, mas não conseguiu. Era uma mentira, ela sabia. Não havia como se acostumar com algo tão vazio e calculado. Ela sabia que ele estava sendo educado, mas as palavras dele soavam vazias para ela. Ela não queria ser uma dependente dele, não queria ser uma peça em um jogo que ela nunca escolheu jogar.

— Eu entendo — respondeu Clara, sua voz suave, sem energia. — Eu só... só preciso de um tempo para me ajustar.

Enrico assentiu, levantando-se da cama e indo até o banheiro. Ele parecia tão tranquilo, tão seguro de si, como se já tivesse aceitado o que quer que fosse esse casamento. Clara, por outro lado, sentia uma ansiedade crescente, um vazio dentro dela que parecia cada vez mais difícil de preencher.

Ela olhou para o teto, pensando na vida que deixara para trás. A casa de seus pais, seus irmãos, os momentos simples que compartilhavam juntos. Nada disso importava mais agora. Tudo estava perdido. Ela não tinha mais escolha.

Enquanto Enrico tomava seu banho, Clara se levantou e caminhou até a janela. O vento frio da noite entrou pela fresta, trazendo com ele o cheiro da cidade e o som distante da vida acontecendo lá fora. Lá, no fundo, as ruas ainda estavam movimentadas, as pessoas ainda riam, conversavam, viviam suas vidas. E Clara estava ali, prisioneira de uma vida que não escolheu, observando tudo aquilo de longe.

Ela queria gritar, mas sabia que não adiantaria. Nada mudaria.

Quando Enrico saiu do banheiro, ele se aproximou de Clara e colocou a mão em seu ombro com um gesto suave.

— Eu sei que é difícil — disse ele, com uma voz baixa, quase como se estivesse tentando consolar ela. — Mas eu estou fazendo isso por nós dois. Eu prometi ao meu pai que tomaria conta de tudo, e agora sou responsável por você também.

Clara fechou os olhos por um momento, sentindo a pressão de suas palavras. Ele estava certo, de certa forma. Ele a "tomara" como uma responsabilidade, assim como tomava a empresa, os negócios e sua vida. Ela não era uma parceira, não era alguém com quem ele dividia o peso da vida. Ela era uma obrigação, e ele agia como se estivesse cumprindo um papel.

A tensão no quarto aumentou, e Clara sentiu o frio no ambiente apertando ainda mais seu peito. Ela sabia que esse casamento não seria apenas um contrato social, mas também uma prisão emocional. Enrico podia ter boas intenções, mas, no fundo, ele não a via como alguém capaz de tomar suas próprias decisões. Para ele, Clara era apenas mais uma parte do império que ele construía, uma peça que, sem saber, já estava sendo manipulada.

Enrico se deitou na cama ao lado dela, e o silêncio entre os dois se fez novamente. Clara ficou de olhos abertos, olhando para o teto, até que o sono finalmente a tomou.

Naquela noite, Clara sonhou com a casa de seus pais. Ela sonhou com os risos de seus irmãos, com o cheiro da comida que sua mãe sempre preparava com tanto carinho. Mas, logo, o sonho foi interrompido pela imagem de Enrico, que apareceu em seu pesadelo como uma sombra escura. Ele estava sentado à mesa, olhando-a com uma expressão fria, implacável.

Ela acordou de repente, com o coração acelerado. O quarto estava silencioso, e a luz do amanhecer começava a invadir o ambiente. Ela olhou para o lado e viu Enrico ainda dormindo ao seu lado, alheio ao turbilhão que acontecia na mente dela.

A nova vida dela havia começado, mas Clara não sabia se conseguiria se acostumar com ela. A cada dia, ela se afastava mais do que conhecia, e se aproximava de algo que não compreendia completamente. Enrico tinha o controle de sua vida agora, mas ela sabia que esse controle não duraria para sempre.

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