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Capítulo 6: A Rendição da Maré

A pergunta dele pairou no ar quente da enseada, simples na forma, mas carregada com o peso de tudo o que não fora dito. Quer nadar? Não era um convite, era um desafio. Um teste. Ele estava empurrando-a para a beira de um precipício para ver se ela recuaria ou saltaria. Recuar significaria ceder o pouco terreno que ela pensava ter conquistado, admitir que tinha medo dele, de si mesma. Saltar... saltar era impensável.

Helena olhou para a água cristalina, depois para os olhos escuros e expectantes dele. Ela viu o predador ali, esperando pacientemente por sua presa. Mas viu outra coisa também: uma curiosidade genuína. Ele queria ver do que ela era feita. A escultora, a mulher que lutava contra a pedra, lutaria contra ele?

Um novo tipo de fúria, diferente da raiva fria que a sustentara até então, começou a queimar em seu peito. Era uma fúria desafiadora. Ele achava que a tinha encurralado? Que ela era uma boneca assustada que ele podia manipular com suas palavras e seu dinheiro? Ele a via como um objeto, uma mercadoria. Muito bem. Ela lhe daria um espetáculo. Mas seria nos seus termos.

Um sorriso lento, o primeiro sorriso genuíno que ela lhe dera, curvou seus lábios. Não era um sorriso de alegria, mas de pura e indomável teimosia. — Sim — respondeu ela, a voz clara e firme, cortando a tensão. — Eu quero nadar.

A surpresa nos olhos de Dante foi instantânea e imensamente satisfatória. Ele esperava uma recusa, uma discussão, talvez lágrimas. Não esperava uma aceitação tão direta e desafiadora. Ele havia colocado a peça na mão dela, e ela não apenas a movera, como virara o tabuleiro.

Sem desviar o olhar do dele, mantendo aquele contato visual como uma corrente elétrica, Helena levou as mãos às costas de seu vestido preto. Não havia zíper, apenas um laço delicado no pescoço. Seus dedos, acostumados a trabalhos minuciosos em pedra, desataram o nó com uma lentidão deliberada. O tecido cedeu. Ela o deixou deslizar por seus ombros, reunindo-o na cintura. Por um instante, ficou ali, o sol quente em sua pele nua, o vestido reunido em suas mãos.

Ela estava lhe dando exatamente o que ele queria, mas de uma forma que o despojava do poder. Não havia vergonha em seus movimentos, não havia hesitação. Havia apenas a confiança de uma artista que entendia a forma humana, que não sentia vergonha de seu próprio corpo. Ela era a escultora e a escultura, e aquela era a sua performance.

Ela deixou o vestido cair na areia, um círculo de tecido preto sobre o branco imaculado. Ficou diante dele apenas com a roupa íntima que usava por baixo: um conjunto simples de algodão preto, prático e sem rendas. Era mais íntimo e real do que qualquer biquíni caro jamais seria.

Dante ficou imóvel, sua respiração visivelmente suspensa. A máscara de controle dele havia rachado, e o que restava era o homem, cru e vulnerável ao desejo. Seus olhos percorreram o corpo dela, não com a lascívia fria de um comprador, mas com a admiração atônita de um conhecedor de arte diante de uma obra-prima inesperada. Ele engoliu em seco, um movimento visível em sua garganta.

Helena se virou e caminhou em direção à água, sem olhar para trás. Ela não precisava. Podia sentir o peso do olhar dele em suas costas, mais quente que o sol da Bahia. A água estava surpreendentemente fria, um choque delicioso contra sua pele superaquecida. Ela mergulhou, deixando a maré lavar a tensão de seus músculos, o sal purificar seus pensamentos. Quando emergiu, sacudindo a cabeça e jogando os cabelos molhados para trás, sentiu-se, por um instante, limpa. Livre.

Ele estava na beira da água, tirando a camisa de linho com movimentos rápidos e um tanto bruscos. Seus ombros eram largos, as costas um mapa de músculos definidos que se moviam sob a pele bronzeada. Ele largou a camisa e desabotoou a calça, deixando-a cair sobre a outra peça de roupa. Ele usava apenas uma sunga preta, seu corpo era ainda mais impressionante do que o terno sugeria. Era o corpo de um guerreiro, poderoso e esculpido com uma precisão que fez o fôlego de Helena falhar.

Ele entrou na água, movendo-se em sua direção com um propósito silencioso. O jogo havia acabado. A provocação se fora. O que restava era a verdade nua e crua da atração que vibrava entre eles.

Ele parou a um braço de distância, a água batendo na altura de seus peitos. Gotículas de água brilhavam em sua pele, em seus cílios escuros. — Helena — ele disse, e o nome dela em seus lábios soou como uma oração e uma maldição.

Ela não respondeu. Não havia mais nada a dizer. As palavras eram inúteis, mentirosas. Apenas a verdade do corpo importava agora.

E então ele se moveu. Fechou a distância entre eles em uma braçada. Suas mãos encontraram a cintura dela debaixo d'água, os dedos cravando-se em sua pele, puxando-a contra ele. Não houve gentileza, não houve hesitação. Foi uma colisão, a inevitável união de dois polos opostos que vinham sendo puxados um para o outro desde o primeiro instante.

Sua boca esmagou a dela.

O beijo não foi um beijo; foi uma tempestade. Foi a liberação de toda a raiva, de todo o medo, de toda a frustração e de todo o desejo reprimido das últimas vinte e quatro horas. Era faminto, possessivo, um beijo que não pedia, mas tomava. A língua dele invadiu a boca dela, e em vez de recuar, ela o encontrou com a mesma ferocidade, mordendo seu lábio inferior, arrancando dele um gemido gutural.

Suas mãos, que antes estavam inertes ao seu lado, subiram e se agarraram aos ombros largos dele, depois se enredaram em seus cabelos molhados, puxando-o para mais perto. Ela estava se afogando nele, no gosto de sal e de desejo, e não queria ser salva. O mundo se dissolveu em um turbilhão de sensações: o frio da água contra a parte inferior de seus corpos, o calor incendiário onde suas peles se tocavam, a pressão de seus lábios, a dureza de seu corpo contra o dela.

Ele a ergueu ligeiramente, envolvendo as pernas dela ao redor de sua cintura, seus corpos se encaixando perfeitamente debaixo d'água. O contato íntimo e total roubou o último resquício de ar de seus pulmões. Ela arqueou as costas, um gemido escapando de sua garganta, um som de pura e absoluta rendição.

O beijo se aprofundou, tornando-se menos uma batalha e mais uma exploração desesperada. Era como se eles estivessem tentando consumir um ao outro, absorver a essência um do outro através daquele contato febril.

Finalmente, com os pulmões queimando, eles se separaram. Suas testas ficaram coladas, os lábios inchados e a centímetros de distância. Ambos tremiam, ofegantes, os corações batendo em um ritmo descontrolado. A água da enseada, antes calma, agora se agitava ao redor deles.

Ele olhava para ela, os olhos escuros e tempestuosos agora cheios de uma emoção crua e atordoada que ela não conseguia decifrar. O predador e a presa haviam desaparecido. Restavam apenas um homem e uma mulher, despojados de suas máscaras, tremendo na esteira da paixão que os havia consumido.

O jogo havia mudado irrevogavelmente. As regras haviam sido queimadas. E no silêncio que se seguiu, quebrado apenas pelo som suave das ondas, uma única e aterrorizante pergunta pairava no ar: e agora?

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