Agosto chegou a Salvador com um calor brando e uma promessa de mudança no ar. As semanas se transformaram em um mês, e a vida de Helena e Dante adquiriu a textura confortável de um cotidiano compartilhado. A fundação do novo estúdio na casa da Vitória estava pronta, e as paredes começavam a subir. No ateliê em Candeias, o gigante azul de Jacobina já não era mais um bloco disforme; sob as mãos incansáveis de Helena, uma forma começava a emergir, duas figuras entrelaçadas em um ato de mútua sustentação.
A rotina deles era uma dança de dois mundos. As manhãs eram dela, dedicadas à poeira e ao barulho, ao trabalho físico que era sua meditação. As tardes eram dele. Enquanto Helena continuava com um trabalho mais leve de polimento, Dante transformava um canto da oficina em seu posto de comando. A guerra com Arthur Alencar se intensificara, transformando-se em uma campanha de desgaste. Arthur não atacava mais com golpes frontais, mas com uma miríade de pequenas sabotagens: atrasando remessas