A manhã da entrevista, a suíte do hotel se transformou. Deixou de ser um refúgio ou uma sala de guerra e se tornou um cenário. Juntos, Helena e Dante o prepararam com o cuidado de um curador montando uma exposição. Eles afastaram os móveis corporativos e impessoais. Em seu lugar, colocaram peças que falavam sobre eles. Helena dispôs alguns de seus cadernos de esboço sobre a mesa de centro, abertos em páginas que mostravam o desenvolvimento de uma ideia, o processo, não apenas o resultado. Dante colocou a pequena e imperfeita escultura de pássaro que fizera ao lado de um livro de arte sobre Rodin.
O espaço se tornou um reflexo de sua parceria: a elegância estruturada dele e a paixão criativa dela, convivendo em uma harmonia inesperada. Quando a jornalista chegou, pontualmente às dez, ela não entrou em uma suíte de hotel genérica, mas no mundo deles.
Sofia Martins era exatamente como Dante a descrevera: uma mulher na casa dos quarenta, com um olhar inteligente e um ar de quem não se imp