A porta da oficina se fechou com um clique suave, mas para Helena, o som foi o de um universo se realinhando. O mundo exterior, com suas obrigações, suas famílias e suas guerras corporativas, foi deixado do lado de fora. Ali dentro, na penumbra da oficina iluminada apenas por uma lâmpada de trabalho, restavam apenas ela e Dante. E o silêncio.
Era um silêncio diferente de todos os outros que já haviam compartilhado. Não era o silêncio tenso de um carro de luxo, nem o silêncio carregado de uma praia paradisíaca. Era um silêncio tímido, frágil, cheio de perguntas não feitas e possibilidades aterrorizantes. Ele a convidara para o mundo dele e ela recusara. Agora, ela o convidara para o seu, e ele aceitara. As regras haviam sido completamente reescritas.
— Eu... — ela começou, a voz um pouco rouca. — Meu lugar é simples. Não é uma cobertura em São Paulo.
— Seu lugar é real — ele respondeu, a voz grave, os olhos percorrendo cada canto da oficina com uma reverência que a surpreendeu. — Mostr