Início / Romance / Com amor, AGENTE J. / 4- A Verdade pela Metade
4- A Verdade pela Metade

Cloe acordou cedo naquele sábado. Era um dia especial: a ação social com crianças na comunidade do bairro vizinho. Ela havia se preparado durante a semana com outros colaboradores da igreja, separando materiais, planejando dinâmicas e escolhendo os livros certos para ler com os pequenos. 

Vestiu um vestido longo estampado, leve, prendeu os cabelos de forma simples, mas graciosa, e saiu com a energia de quem ama o que faz. No caminho, mandou uma mensagem para Jhonas:

"Hoje tenho uma ação o dia inteiro, então não vou poder passar na sua casa. Amanhã a gente se fala."

Ele respondeu com um breve:

"Tudo bem. Bom trabalho."

Mas o que Cloe não sabia é que Jhonas, como bom agente, não se contentava com o vago. Usando recursos éticos, localizou o evento social e obteve informações básicas. Quando viu do que se tratava, algo em seu coração aqueceu. Um dia inteiro com crianças, ensinando, brincando, acolhendo... Era claro que ela era especial.

Sabendo a hora que o evento terminaria, ele resolveu buscá-la. Não tinha um plano exato. Queria apenas estar ali, esperá-la, mostrar que se importava. Era estranho até para ele mesmo, mas seu corpo agia antes que o pensamento duvidasse.

Estacionou um de seus carros blindados no lado oposto ao local e ficou encostado no carro, discreto, com a jaqueta jeans e um boné simples. Observava de longe Cloe ajudando a organizar as crianças, sorrindo, se despedindo dos pais, orando com os voluntários. Aquela cena o fez sorrir involuntariamente.

Quando ela finalmente o viu, seus olhos se arregalaram.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, surpresa, caminhando até ele.

Jhonas ficou um pouco sem saber o que dizer.

— Eu... vim te buscar.

— Me buscar?

— Achei que depois de um dia inteiro correndo atrás de crianças, você ia estar cansada demais para dirigir. Quis te dar uma carona.

Ela o olhou, desconfiada, mas sorrindo.

— E como sabia onde eu estava?

— Você é fácil de rastrear, Cloe Martins. — respondeu, meio brincando, meio sincero.

Ela riu.

— Você é inacreditável, Jhonas.

— Eu sei.

Ela disse que só precisava terminar de guardar os últimos brinquedos e despedir-se dos voluntários. Ele esperou pacientemente, admirando cada gesto dela. Quando ela entrou no próprio carro e ia embora, lembrou que ele estava ali por ela. Voltou e pediu desculpas por ter esquecido. Ele sorriu:

— Sem problemas. Entra. Eu dirijo.

— Mas estou de carro...

— Deixa comigo. Mando buscar.

Ela hesitou, mas entrou. No trajeto, ela contou como foi o dia, empolgada, com brilho nos olhos. Jhonas apenas ouvia e sorria, apaixonando-se cada vez mais. Era impressionante como ela iluminava o ambiente com as próprias palavras.

No meio da conversa, ela parou:

— Espere. Eu nem perguntei... do que mesmo você precisava que eu fizesse hoje?

Ele ficou em silêncio por um segundo, olhou pela janela, e respondeu:

— Quando a gente chegar lá, eu explico.

Ela assentiu, ainda sorrindo, mesmo sem entender.

Chegaram à casa. Ele parou na garagem, e antes que ela saísse, pegou o celular e pediu comida. Sabia que ela não iria querer comer salada ou suco detox. Pediu hambúrguer com geleia de pimenta e muito queijo para ela, algo leve e integral para ele.

Ao entrarem, ela foi direto ao ponto:

— Então, o que eu preciso fazer hoje, chefe?

Ele sorriu, mas não respondeu imediatamente.

— Que tal tomar um banho antes? Você deve estar exausta.

Ela pensou por um segundo e concordou. Ele a conduziu até o quarto que vinha preparando para ela. Quando entrou, ficou sem palavras. Estava tudo lá. Cada detalhe, cada coisa parecia ter sido feita para ela. No closet, vestidos novos, cabides alinhados, caixas organizadas. Roupas com etiquetas.

Ela não sabia se ria ou se desconfiava se ele tinha alguma mulher secreta.

Entrou no banho com o coração leve, sorrindo sozinha ao lembrar do pedido. Tomou um banho demorado, e ao sair, colocou um vestido básico que encontrou. Mandou mensagem para ele:

"Peguei emprestado um dos vestidos. Tem algum problema?"

Ele respondeu:

" Não, fique a vontade."

Seco como sempre. E mesmo assim, ela sorriu.

Quando desceu, ele já havia arrumado a mesa na sala de jantar. Tudo pronto. Ao vê-la, ele ficou paralisado.

— Você está... linda.

Ela corou, mas sorriu.

— Obrigada. E obrigada pelo lanche... hambúrguer com geleia de pimenta? Está me espionando?

— Sorte. — ele respondeu com um sorriso de canto.

Comeram conversando, rindo. Ela falou mais sobre o dia. Ele, dessa vez, resolveu se abrir.

Ao final, recolheu os pratos, levou para a pia e voltou para a sala.

— Cloe...

Ela o olhou.

— Preciso te contar uma coisa.

O coração dela acelerou.

— Tudo aquilo... minha profissão, minha vida, o motivo de estar sempre tenso... Eu sou um agente. Trabalho para uma agência ligada à segurança nacional. Missões confidenciais, proteção, análises de ameaças. Nada ilegal. Mas também nada comum, naquele dia no parque era uma missão, mais eu e meus colegas não podemos contar  nada, apenas tirar os civis o mais rápido do local.

Ela ficou em silêncio, absorvendo.

— Isso explica muita coisa. Mas... por que está me contando agora?

— Porque não suporto mais te ver desconfiada. Não suporto saber que você tem medo de mim. Eu queria que você se sentisse segura. Pelo menos com isso... com a verdade sobre o que eu faço.

Ela abaixou os olhos. Respirou fundo.

— Obrigada por confiar em mim.

Ele queria contar tudo. Sobre ter inventado aquele "emprego" para se aproximar. Mas não teve coragem. Ainda não.

— Eu vou para casa. Preciso pensar.

— Eu te levo.

No caminho, ela não falou. Ficou olhando pela janela, com os olhos marejados e pensando em como aquele tudo era estranho, mais o coração dela queria ajudar ele, ficar perto dele de alguma forma, mesmo desconfiando de tudo. Ele respeitou o silêncio.

Ao chegar em casa, ela disse apenas:

— Obrigada. Boa noite!

Ele a observou entrar no prédio. E ali, sozinho no carro, sussurrou:

— Me perdoa, eu queria merecer você.

Naquela noite, nenhum dos dois dormiu.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App