Parte 117...
Aurora
Saí do hotel com o coração disparando, a respiração curta e os olhos ardendo. Mas eu não vou chorar. Não agora. Minha raiva é maior.
Eu nem sabia direito para onde ia. Só sabia que precisava sair dali. Me afastar e correr da imagem que tinha visto. Do beijo que não deveria ter acontecido. Como assim aquele filho de uma puta estava beijando outra?
Levantei a mão na calçada e um táxi parou quase de imediato. Entrei e fechei a porta com força, como se isso fosse calar a tempestade dentro de mim.
— Algum lugar em especial? - o taxista perguntou, educado, olhando pelo retrovisor.
— Só... Só dirija. Qualquer lugar longe daqui. - encostei a cabeça no vidro. — Preciso de ar.
Ele não insistiu. E agradeci por isso.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, atravessando ruas iluminadas de Milão, cada farol parecendo mais lento que o normal. As luzes refletidas no vidro dançavam no meu rosto como se zombassem de mim. Que ódio que eu estou sentindo agora. Eu deveria ter dado uns